sábado, 2 de maio de 2015

Desvendando "O Homem de Aço"


Podem me crucificar, mas eu gosto de adaptações de HQs para o cinema! E o filme “Homem de Aço”, apesar de seus erros de roteiros, eu o considero um filme excelente e bem educativo até, pois nele há referências ao Cristianismo, à Literatura e à Filosofia. Não só ”Homem de Aço”, mas boa parte dos filmes de super-heróis quais surgem atualmente trazem uma boa mensagem. Muita gente não nota essas referências e alusões, chegam até dizer que vejo coisas demais, mas quem conhece o pensamento conservador e como Christopher Nolan, o roteirista e produtor da obra, o trabalha em seus filmes vai me dar razão.
 Umas dessas referências nós podemos ver logo no início da película na qual percebemos uma alusão a um livro que particularmente gosto muito: “Admirável Mundo Novo” de Aldous Huxley. Kripton aparece como uma civilização igualitária onde não existe família, pois não há necessidade de tal, a reprodução dos kriptonianos é feita artificialmente por uma máquina, a partir de um codex, e cada indivíduo é concebido pensando no coletivo, pré-programado para assumir determinado papel na sociedade. Porém, Kal-El, o Superman, nasceu de forma natural, pois seu pai, Jor-El, e sua mãe, Lara Lor-Van, queriam que ele pudesse ter a dádiva do livre arbítrio, que pudesse escolher o que ser e ter liberdade individual. Por causa desta “heresia” – como chamou General Zod – Jor-El precisou refugiar seu filho em outro planeta onde pudesse viver e talvez proporcionar um novo rumo à raça kriptoniana e para isso coloca em seu DNA o codex.
Outra coisa interessante é o vilão da história. General Zod é um revolucionário que dá um golpe de estado em Kripton alegando que as autoridades não sabem como conduzir a civilização para preservar a superioridade da sua raça, com isso seus planos falham e ele é exilado na Zona Fantasma. Quando se liberta, o General se dirige a Terra com o intuito de destruí-la substituindo a raça humana pela kriptoniana, mas para isso precisa achar Kal-El e o codex. O interessante é que Zod não se importa com os meios pelos quais conseguirá seu objetivo, nem tem senso de moralidade como o Superman; para o General os fins justificam os meios. O tempo todo o vilão e seus soldados zombam de Kal-El e se dizem superiores por serem livre da moralidade objetiva que os atrapalhariam em alcançar seus objetivos. Pois é, Zod me lembra de personagens de nossa História, como Lenin, Mao Tse Tung e Hitler.
Mas as melhores referências certamente são as que envolvem o personagem Superman, pois tem relação direta com Jesus Cristo. Nosso Kal-El filho único de Jor-El foi enviado para Terra para ser como um deus para os humanos e realizar maravilhas; quem o criou foi um casal de fazendeiros do interior Kansas, Jonathan (José)  e Marta (Maria) Kent. Com o nome de Clark Kent, ele foi ensinado a esconder seus dons do mundo e se preparar para que, quando fosse revelado, mudasse o mundo. Clark se torna o Superman aos 30 anos, assim como a idade que Cristo inicia seu ministério. Há também uma cena sensacional na qual Clark vai a uma igreja pedir conselhos a um padre e questiona se as pessoas na Terra são confiáveis para que ele faça o sacrifício de se entregar a Zod por eles. Nessa cena aparece logo no plano de fundo a imagem de Cristo no Jardim das Oliveiras, momento em que Nosso Senhor se encontrava em grande angústia por estar próximo a hora de seu Sacrifício.
"O Homem de Aço" é realmente muito rico em referências e há muitas outras além dessas que aqui citei. Na verdade, só não as coloquei porque o texto ficaria imenso, e também para que as pessoas que o lerem sintam-se instigadas a procurar, tentando enxergar o filme mais profundamente, assim como costumamos fazer quando lemos um livro. Porém com um bom livro costumamos a pensar mais sobre o que há de “escondido” entre as linhas; num filme há a tendência de acharmos que o, que está ali nas imagens, é só aquilo e nada mais. Espero que os que me leem, a partir de hoje, façam tal exercício de mergulhar mais profundamente, não só nos livros, mas nos filmes também.